Medida, que
deve criar mais dificuldades para as contas da União, ainda terá de ser votada
novamente na Câmara
O Senado
aprovou ontem um projeto que obriga o governo federal a destinar 15% da receita
líquida da União para a saúde até 2018.
Se entrar em
vigor, o texto aumentará o orçamento do setor de forma escalonada ao longo dos
próximo quatro anos. Já em 2014, o valor saltaria do atuais R$ 90 bilhões para
aproximadamente R$ 96 bilhões.
A nova regra
significará a maior elevação de verbas federais no setor em mais de uma década.
O governo destina hoje algo entre 12,5% e 13% de sua receita líquida,
percentual que pouco se alterou desde 2000.
A PEC
(Proposta de Emenda à Constituição) foi aprovada em dois turnos no Senado e,
apesar de já ter sido aprovada na Câmara, retorna para nova análise dos
deputados porque os senadores fizeram mudanças no texto.
Na votação
de ontem, os senadores governistas derrotaram emenda, apresentada pelo
oposição, que pretendia vincular 18% da receita líquida à saúde. Na prática, a
proposta do PSDB dobraria o investimento na área nos próximos quatro anos em
relação ao que defende o Palácio do Planalto.
A mudança defendida
pelos tucanos deve ser explorada pela campanha presidencial do senador Aécio
Neves (PSDB-MG), provável adversário da presidente Dilma Rousseff em 2014.
Na votação
da emenda, Aécio atacou o governo ao afirmar que o Planalto não tem interesse
em melhorar a saúde. Em defesa dos 15%, o senador Humberto Costa (PT-PE)
afirmou que a mesma oposição que defendeu o fim da CPMF (imposto da saúde) em
2007, agora quer mais recursos para o setor.
APERTO
O projeto
cria mais dificuldades para as já combalidas finanças da União e
inevitavelmente põem em pauta, a partir do próximo governo, o debate da
ressurreição da CPMF.
Dito de
outra maneira, foi criada uma despesa extra do tamanho, por exemplo, da folha de
salários de todos os militares na ativa. O prazo fixado para atingir a meta
pouco ajuda, porque outros gastos se mantêm em expansão.
Por
iniciativa mais direta do governo, educação e assistência social --rubrica
orçamentária que compreende o Bolsa Família-- puxam a alta dos gastos no
governo Dilma Rousseff.
Será difícil
encaixar o custo adicional da saúde no Orçamento sem um salto da arrecadação,
que pode vir da retomada do crescimento econômico ou de uma alta da carga
tributária.
ORÇAMENTO
IMPOSITIVO
A PEC
aprovada ontem no Senado também torna obrigatório que o Executivo libere verba
para obras e projetos propostos por congressistas por meio de suas emendas ao
Orçamento.
Também está
prevista a ampliação do valor que o governo terá que liberar para as emendas. O
valor a ser pago cresceu em mais de R$ 1 bilhão.
(GUSTAVO
PATU E GABRIELA GUERREIRO)
Fonte: Folha
de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário