Um fantasma tira o sono das
empresas. A partir de abril, elas passarão por verdadeira revolução na
administração de dados relativos aos trabalhadores. Liderado pela Receita
Federal, o E-Social, ou Escrituração Fiscal Digital Social, exigirá informação
detalhada, e praticamente em tempo real, sobre a folha de salários, dados
tributários, previdenciários e relacionados aos trabalhadores, desde a admissão
até a exposição a agentes nocivos. O risco é o aumento no volume de autuações
fiscais e trabalhistas.
Com informações em tempo real,
auditores da Receita conseguirão cruzar valores retidos do Imposto de Renda,
informações contábeis e dados sobre salários e encargos pagos aos empregados.
Os fiscais do Ministério do Trabalho saberão de afastamentos, licenças,
atestados médicos e horas extras pagas. Sem precisar visitar a empresa, saberão
de condições insalubres ou jornadas exaustivas.
O sistema tem um manual de mais
de 200 páginas e um conjunto de mais de 20 tabelas, a maioria com centenas de
itens de preenchimento. Cada evento trabalhista demandará um arquivo eletrônico
único, a ser enviado rapidamente ao sistema integrado do E-Social. A admissão
do empregado, com todos os dados solicitados, por exemplo, é um evento que
requer arquivo específico e deve ser enviado de forma eletrônica antes que o
empregado inicie suas atividades. Hoje, as empresas têm até sete dias para
informar o Ministério do Trabalho.
Além de nome e ocupação, será
exigida a descrição das funções, do departamento e até informações que hoje as
empresas não possuem: se o trabalhador usou recursos do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) para comprar a casa própria, por exemplo. Antes
esparsos, dados como aposentadorias especiais por condições insalubres num
grupo de trabalhadores dentro da empresa serão facilmente detectados e poderão
levar à exigência de uma alíquota maior da contribuição previdenciária.
O desafio está não só na
quantidade mas na diversidade de informações. Serão necessários dados dos
setores de recursos humanos – folha de pagamentos, impostos e contribuições e
cadastros -, do financeiro – tributos, recolhimentos, pagamentos a terceiros e
dados contábeis – e de tecnologia de informação, para extração de dados,
interfaces e segurança de informação.
Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário