Ele afirmou, com exclusividade ao DCI, que não há consenso para a
matéria e que o tema deve ser votado no primeiro ano do mandato legislativo,
não no penúltimo ou último. "É impraticável debater e entrar em consenso
sobre assunto tão complexo em tão pouco tempo", assinalou.
As declarações de Braga jogam um balde de água fria nas últimas
tentativas de mudanças nas regras tributárias ainda neste ano, especialmente em
relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), como a
convalidação dos incentivos fiscais considerados inconstitucionais pelo Supremo
Tribunal Federal (STF).
Ontem mesmo, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou
projeto que prevê recursos de R$ 3 bilhões a R$ 8 bilhões por para compensar
perdas dos estados com a unificação da alíquota do ICMS.
O líder do governo enfatizou que o foco dos trabalhos na Casa nesse
momento é o Orçamento Impositivo, que torna obrigatório o desembolso de
recursos pela União para o atendimento de emendas parlamentares. Disse que a
proposta deve ser aprovada com a emenda que destina metade desses recursos para
despesas com saúde.
"São cerca de R$ 9 bilhões para o ano que vem para essa área,
essa é uma grande vitória, visto a necessidade que temos em termo de saúde no
País", afirmou, negando, porém, qualquer possibilidade de o governo
concordar com a proposta da oposição que eleva os gastos com saúde de 15% até
18% do Orçamento da União até 2018.
Depois dessa matéria, segundo o parlamentar, o governo deve se
concentrar na peça orçamentária, que deve ser aprovado em dezembro para o
início do recesso parlamentar. O relatório do Orçamento da União para 2014 deve
ser votado hoje em Comissão e depois em plenário.
As declarações do senador Eduardo Braga rumam na mesma direção da
opinião manifestada anteontem ao DCI pelo líder do PT na Câmara, deputado José
Guimarães (PT-CE). Ele afirmou que alguns temas econômicos não seria votados
pelo Congresso neste ano, manifestando preferência pelo início da reforma
tributária pela taxação das grandes fortunas, uma proposta que se arrasta no
Congresso apresentada, entre outros, por Fernando Henrique Cardoso antes de
virar presidente em 1995.
Ainda segundo Braga, mesmo com toda a pressão do governo, é possível
que a votação do Marco Civil da internet (Projeto de Lei 2126/11) também não
aconteça neste ano. "Não vejo como votar essa matéria do Senado, pois
acredito que ela não virá a tempo da Câmara", argumentou.
Fundo de compensação
Cercada de polêmica quanto à sua constitucionalidade, a CAE do Senado
aprovou também ontem, por um placar apertado de 12 votos contra 8, o projeto de
lei complementar do senador Paulo Bauer (PSDB-SC) que disciplina a compensação
das perdas dos estados com a redução das alíquotas interestaduais do ICMS,
prevista em projeto de resolução do Senado (PRS 1/2013).
Apresentado no início deste ano, o projeto de resolução reduz para 4%
e 7% as atuais alíquotas interestaduais de 7% e 12%, mas cria algumas exceções,
como os produtos da Zona Franca de Manaus e o gás natural, que continuariam com
12%.
O senador José Pimentel (PT-CE) considerou uma temeridade aprovar o
projeto de Bauer. Para ele, a competência para criação de fundos é do Poder
Executivo. "Já temos decisão do STF sobre tal matéria. E, dada a magnitude
do tema, precisamos ter segurança jurídica para que não seja objeto de
questionamentos posteriores. Por isso, vou votar contra", disse.
Já o senador Armando Monteiro (PTB-PE), relator da matéria na CAE, o
Fundo de Compensação é um seguro para a perda de receitas com ICMS. Segundo
ele, o Fundo assegura a compensação integral das perdas dos Estados vindas das
novas alíquotas.
Semana vazia na Câmara
O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), disse ontem que os
líderes decidiram não realizar votações nesta semana até que sejam resolvidas
as polêmicas sobre o marco civil da internet (e o piso nacional dos agentes comunitários
de saúde e combate a endemias - PL 7495/06).
Ele criticou o fato de o Executivo trancar a pauta da Câmara dos
Deputados com as urgências constitucionais. Duas propostas com urgência trancam
a pauta - o marco civil e a mudança na multa extra de 10% do FGTS cobrada em
caso de demissão por justa causa (Projeto de Lei Complementar - PLP 328/13).
"O que a presidente Dilma quer com essa urgência é impedir o funcionamento
do Legislativo", disse. Os líderes decidiram concluir na próxima terça-feira
(19) o novo Código de Processo Civil (PL 8046/10).
Fonte: DCI
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