A competição
é apregoada a todo tempo, desde a nossa fase escolar até quando adentramos no
mundo corporativo. Na fase escolar, a atividade pedagógica de avaliação é
confundida com a promoção. A maioria dos professores vê a competência dos
alunos somente pelos aspectos quantitativos, o que os incentivam a perceber
apenas o resultado final do processo de aprendizagem. Dessa forma, os
profissionais podem, portanto, reproduzir o mesmo comportamento escolar no
mundo corporativo.
O que
precisamos é entender a avaliação e a promoção. Segundo Luiz Carlos Cagliari,
no seu livro Alfabetizando sem o Bá-Bé-Bi-Bó-Bu, a avaliação e a promoção são
sintetizadas da seguinte forma: "A avaliação deve contemplar um julgamento
sobre o que os alunos fazem para aprender e sobre o que o professor faz para
ensinar, para que o ensino e a aprendizagem aconteçam da melhor maneira
possível. A promoção julga da conveniência ou não de um aluno passar para as
atividades escolares do ano seguinte".
Aprendemos
com esse significado de avaliação que o enfoque é o autoconhecimento: de que
maneira estou aprendendo, na escola e no mundo corporativo? Pois as pessoas são
diferentes no processo de assimilação, pensamento, aprendizagem e ação. Dessa
forma, a promoção será uma consequência do desenvolvimento de cada indivíduo no
ambiente escolar ou do desempenho profissional no mundo corporativo.
Lamentavelmente,
os profissionais, na sua maioria, foram ensinados a entender que a avaliação
conduzirá à promoção. Assim, é o resultado final que importará, levando muitos
alunos a gravar, a decorar, a "pescar" ou a "colar" os
conteúdos discutidos e ensinados em sala de aula. Essa atividade pedagógica
distorcida poderá conduzir muitos profissionais para uma competição acirrada,
desconhecendo o que é ética, respeito e honestidade no ambiente profissional, o
que poderá motivá-los a ter atitudes sem nenhum escrúpulo, a exemplo: mentir,
difamar e denegrir a imagem do colega de trabalho, principalmente se este for
uma ameaça para sua futura promoção.
E o que vem
a ser a "competição civilizada"? Ouvi essa citação do ex-gerente da
instituição na qual trabalho atualmente.
Acredito que
a competição, seja na escola ou no ambiente de trabalho, sempre existirá. O
interessante é que o profissional aprenda e comece a competir com ele mesmo,
procurando, no decorrer do seu desenvolvimento cognitivo, social e profissional
se conhecer cada vez mais, realizando alguns questionamentos fundamentais como:
de que forma eu aprendo melhor? Como e quando faço melhor meu trabalho? Quais
são as minhas limitações? E os meus talentos e virtudes? Depois de ter
encontrado essas respostas, acredito que o trabalho fluirá numa proporção que
contagiará as pessoas ao redor e a promoção será uma consequência da
"competição civilizada" de cada indivíduo.
Podemos
entender que a competição civilizada é o indivíduo investir no seu conhecimento
e desenvolvimento. Além das perguntas "chaves", ele precisa ter
objetivos e planos de ação definidos, o que poderá levá-lo a uma motivação
contagiante.
Um exemplo
dessa situação está bem retratado no filme "O Diabo Veste Prada",
quando a protagonista, Andrea, vivida por Anne Hathaway, é a jornalista
recém-formada em busca de uma oportunidade de trabalho. Cheia de iniciativa e
expectativas, desprezava, contudo, o mundo da moda e precisou mudar suas
atitudes e o seu conceito de figurino para seguir e praticar a filosofia da
empresa. A motivação de Andrea e o domínio de conhecimento que detinha do seu
trabalho fizeram com que ela conseguisse um lugar de destaque. Tudo isso serviu
para ela alcançar seu objetivo principal que era, no futuro, trabalhar em uma
empresa de jornalismo, o que exatamente aconteceu no final do filme.
Assim como
no exemplo da protagonista do filme citado, devemos investir em nós, buscando
conhecer as nossas limitações, qualidades, dificuldades, e virtudes, com o
objetivo de potencializar os nossos valores e minimizar ou sanar os nossos
problemas. O indivíduo precisa investir no seu autoconhecimento e educação
profissional, social e espiritual, aceitando e analisando as críticas e
feedback dos superiores e colegas de trabalho, visando o seu crescimento e
desenvolvimento pessoal e profissional. E que a avaliação, praticada na esfera
escolar ou no ambiente de trabalho, consista na autoavaliação e/ou na avaliação
mútua; que seja permanente e recíproca: professor-aluno e aluno-professor e/ou
líder-colaborador e colaborador-líder.
A
"competição civilizada" poderá ser praticada por cada um de nós a
qualquer momento, realizando um trabalho com compromisso, competência, ética e
de forma consciente. Como escreveu o grande educador da Pedagogia Libertadora,
Paulo Freire, "A finalidade de qualquer ação educativa deve ser a produção
de conhecimento que aumenta a consciência e a capacidade de iniciativa transformadoras
dos grupos".
Devemos
conhecer os processos da aprendizagem e procurar ser um agente transformador da
nossa carreira profissional.
Fonte:
Boletim RH
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