"O Refis da Crise é uma
oportunidade para os contribuintes com dívidas com a União regularizarem sua
situação", afirmou o presidente da Fenacon
Novo parcelamento de débitos
tributários chamado de Refis da Crise deverá ser aprovado até o dia 2 de junho
pelo Congresso Nacional com a previsão de maiores pagamentos no início para
ajudar o governo a equilibrar suas contas até o final deste ano.
Desta vez, a nova tentativa de
reabertura do Refis da Crise contará com o aval do governo e sem ameaça de veto
pela presidente Dilma Rousseff, como aconteceu na última quarta-feira na
publicação da lei que resultou da Medida Provisória (MP) 627.
Proposta nesse sentido foi
incorporada à MP 638 de 2014, pelo relator da comissão mista que analisa a
matéria, deputado Gabriel Guimarães (PT-MG). Para seguir à sanção presidencial,
o texto precisa passar pela Câmara e pelo Senado. A MP perde a validade no
próximo dia 2.
"A comissão teve intenso
diálogo juntamente com o governo para dar solução para quem não tem como pagar,
com dois dispositivos em que grande parte dessas dívidas são pagas no ato da
adesão", afirmou o relator.
Na negociação, o relator mostrou
que o Refis incorporado no texto do relator é diferente do vetado por Dilma.
"A sociedade não deixará de receber recursos importantes para prestação de
serviços e obras de infraestrutura", disse Guimarães.
O texto aprovado prevê que o
devedor, com dívida até R$ 1 milhão, pague 10% do total na adesão ao Refis. Se
a dívida for acima de R$ 1 milhão, a empresa deverá pagar 20%. Em ambos os
casos, o pagamento poderá ser realizado em até cinco parcelas.
No texto vetado, o devedor
deveria pagar um valor mínimo desde a adesão até a consolidação do passivo, o
que alargava o prazo de ingresso de novos recursos nos cofres federais. Até
hoje muitas empresas que ingressaram na reabertura do Refis, no final do ano
passado, relativos a débitos contraídos até 2008, ainda não receberam a
consolidação de seus débitos. Portanto, não desembolsaram nenhum trocado.
O presidente da Federação
Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento,
Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), Mario Elmir Berti, lamentou tal
veto a MP 627, mas espera que a MP 638 seja aprovada o quanto antes. "O
Refis da Crise é uma oportunidade para os contribuintes com dívidas com a União
regularizarem sua situação", afirmou.
Como novidade política, a autoria
da proposta passa a ser de um parlamentar fiel da base aliada e não de rebeldes
do PMDB na Câmara comandados pelo autor da emenda de reabertura do Refis,
Eduardo Cunha (RJ).
A reabertura do prazo do Refis já
havia sido vetada em janeiro de 2013 pela presidente. Depois, ela concordou em
reabrir o programa somente para dívidas contraídas até 2008.
Ampliação
O relator incorporou a ampliação
do parcelamento do Refis da Crise, previstos pelas leis 11.941 de 2009 e 12.249
de 2010, para dívidas que venceram até 31 de dezembro de 2013. Pelo texto
apresentado, a adesão ao Refis deve ser feita até 31 de agosto de 2014.
O parcelamento em andamento
incorporou dívidas existentes até 2008. O Refis tinha sido inserido na MP 627,
relatada pelo líder peemedebista Eduardo Cunha, que muda a forma de tributação
dos lucros obtidos por multinacionais brasileiras advindos de suas controladas
no exterior.
A MP 638 tratava da permissão
para empresas habilitadas no programa Inovar-Auto importem softwares, assim
como equipamentos e suas peças de reposição. No texto original encaminhado pelo
Executivo, o benefício só seria concedido se os produtos importados não
tivessem similares nacionais. O relator, em seu projeto de lei de conversão,
retirou essa obrigatoriedade.
O DCI apurou que recursos
resultantes da reabertura do Refis vão ajudar o governo a aumentar a
arrecadação para tentar cumprir a meta fiscal de 2014, fixada em quase R$ 100
bilhões, ou 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor público
consolidado. Isso tudo sem precisar subir tributos em um ano eleitoral.
Neste ano, o governo já desistiu
de aumentar os impostos sobre cosméticos e adiou a entrada em vigor para
setembro do aumento dos impostos sobre bebidas frias (cervejas, refrigerantes,
refrescos, isotônicos e energéticos). Ao mesmo tempo, precisa de recursos para
fechar as contas neste ano por conta de mais gastos com o Bolsa Família e com o
setor de energia elétrica.
Em 2014 o governo injetará R$ 4
bilhões no setor elétrico, para cobrir os custos extras das distribuidoras com
o uso mais intenso das usinas termelétricas, que produzem energia mais cara, e
com a compra de energia no mercado à vista, onde o preço atingiu patamar recorde.
Por Abnor Gondim
Fonte: DCI - SP
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