O cenário de estabilidade monetária, de distribuição de
renda e de crescimento econômico alcançado pelo Brasil nos últimos anos
possibilitou ao país dar uma guinada na redução da informalidade no mercado de
trabalho. O principal motivo desse avanço foi a criação, em 2009, da figura
jurídica do Microempreendedor Individual (MEI), que, nesta semana, chega a
marca de 4 milhões de negócios formalizados.
Segundo o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos
Santos, o país está passando por um processo de profundas transformações no
campo da formalização, cuja grandiosidade só deve ser percebida daqui a alguns
anos, a partir de estudos e análises. “Desconhecemos, na literatura e no mundo,
experiência semelhante de tamanha magnitude. Hoje, no Brasil, cerca de 5 mil
negócios se formalizam por dia. Isso é fenomenal”, destaca Carlos Alberto, que
participou, na terça-feira (6), do Seminário Formalização do Trabalho e dos
Pequenos Empreendimentos no Brasil - Diagnóstico, Avanços e Propostas de
Políticas. O evento foi promovido pelo Sebrae em parceria com a Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
Ao falar da experiência recente do Brasil na formalização de
pequenas unidades de produção, o diretor do Sebrae informou que, só neste ano,
a previsão é que surjam aproximadamente 1 milhão de MEI. “Nos primeiros dois
meses de 2014, foram mais de 240 mil empreendedores formalizados”, disse. A
importância da figura jurídica, em nível nacional, também reflete no
atendimento do Sebrae, uma vez que esses empreendimentos representaram 47,5%
dos clientes atendidos pela instituição em 2013.
Um dos convidados do seminário, Márcio Pochmann, professor
do Instituto de Economia da Unicamp, afirma que o Brasil ainda apresenta altos
índices de informalidade. Nesse sentido, é necessário aperfeiçoar políticas que
englobem o acesso ao microcrédito, mecanismos de economia solidária,
aperfeiçoamento do regime tributário e aumento do diálogo com os estados. “O
Brasil deve continuar crescendo e investindo em políticas de geração de
empregos. Sem crescimento econômico é difícil reduzir a informalidade”, disse
Pochmann. Para ele, outro aspecto a ser levado em consideração é a garantia da
formalização, que deve ser buscada por meio da qualificação e formação do MEI,
preservando sua estabilidade.
Sebrae e OIT
Em junho, em Genebra
(Suíça), esse modelo brasileiro de formalização será apresentado na Conferência
da OIT. O diretor-técnico Carlos Alberto dos Santos integrará a delegação
brasileira que estará no evento. O combate à informalidade é o objetivo
estratégico do trabalho da Organização na América Latina e Caribe para os
próximos anos. No final de 2013, a OIT e o Sebrae firmaram parceria para a
troca de experiências sobre a realidade do trabalho nos pequenos
empreendimentos.
Fonte: Pequenas empresas grandes negocios
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