quarta-feira, 21 de setembro de 2011

CONTABILIDADE DIGITAL: DESAFIOS OCULTOS

Em tempos de Certificado Digital, SPED, IFRS e Livros Eletrônicos na vida de um contador, surgem outros desafios que não estão exatamente digamos, no próprio quintal ou de seu lado da mesa. São desafios que estão dou outro lado e muitos deles variados graus de complexidade. Sabemos que nestes tempos a qualificação e a renovação do conhecimento são ações constantes da vida de um contador moderno, mas quando isso não acontece em um cliente ou com o empregador? Diante de situações com esta um contador deverá tomar decisões que podem levar a uma carreira brilhante ou morta tornando-o um mero expectador de tudo.
Hoje a contabilidade e a escrita fiscal são digitais e em breve a folha de pagamento será também. A precisão nas informações que alimentam os sistemas próprios é imprescindível para depois alimentar os sistemas governamentais e falhas podem resultar em pesadas multas pecuniárias. No atual cenário, estamos nos deparando com barreiras que sempre existiram, mas que antes eram pouco notadas em função do “jeitinho” que se dava. Foi o tempo em que nos escritórios de contabilidade tudo acontecia perfeitamente bem, bastavam bons empregados e um bom sistema integrado, onde notas fiscais, folhas de pagamentos e demais documentos se transformavam em balanço patrimonial num instante. Essa sinergia interna agora deve se entender aos clientes e aí que residem várias questões complexas. A nota fiscal eletrônica, por exemplo, exige conhecimento sobre impostos, gestão de mercadorias, gestão de dados etc. Quantas empresas de pequeno porte podem bancar um analista ou um bom auxiliar para a emissão de notas fiscais e que conheça as tabelas de n.c.m., de situação fiscal e que saiba calcular os impostos? Ainda há empresas que enviam cartão de ponto ao escritório de contabilidade e que desconhecem ou não se importam com as facilidades de um equipamento eletrônico para a marcação das horas de trabalho. Também são ignorados por uma grande massa de empresários a importância de um ERP ou sistema de back-office simplificado capaz de oferecer mínimas informações consolidadas ao contador como a relação de CMV, relação de contas a pagar e receber para citar algumas. É comum muitos ERP’s ou “programas para emitir notas fiscais eletrônicas” que se quer são capazes de gerar e reunir de forma correta os arquivos XML gerando grandes transtornos na apuração da escrita fiscal. Mas o principal e mais grave problema talvez além da falta de integração entre os sistemas ERP’s das empresas e o sistema dos escritórios de contabilidade é a falta de qualificação dos próprios empresários e de seus colaboradores. Some-se ainda a este quadro a informalidade e a sonegação de informações também conhecida como contabilidade paralela e muitos outros nomes da moda. Quantos escritórios de contabilidade convivem com apenas o que lhe é revelado da vida financeira da empresa sem se dar conta disso?
Muitos empresários mesmo sabendo que irão pagar mais impostos optam pelo Simples Nacional em função da dispensa da escrituração contábil e de vários outros controles perante a Receita Federal. Nesta esteira, estes empresários optam por equipes administrativas com conhecimento abaixo do exigido e incapaz de compreender a importância de uma gestão de informações e controles fiscais, previdenciários, contábeis e administrativos. Em um cenário assim restariam decisões difíceis para o contador, como dispensar a empresa que pode ser um cliente ou por vezes o próprio empregador. Diante de desafios assim as escolhas são difíceis.
Nos escritórios ou empresas de contabilidade treinar equipes e atualizá-las dentro de novos contextos e idéias é uma constante e uma obrigação. Porém o mundo vai além dos escritórios de contabilidade. É um mundo novo e até perigoso para o contador como eram os mares nos tempos das caravelas. Mas é um mundo cheio de possibilidades e novidades que certamente podem ser exploradas para o bem e para o desenvolvimento comum. Explorar esse mundo requer muita perseverança, coragem e atitude. As exigências atuais obrigam o contador a se adaptar e se atualizar com perfeição e muito mais do que era há apenas alguns anos atrás. Deve-se tomar cuidado para que a aplicação dessas mudanças não semeie a discórdia entre as necessidades dos empresários e o que o contador precisa fazer. O discernimento e o senso ético nessas horas podem orientar as decisões de um contador mas a opção pelo “mais fácil” certamente poderá significar a morte da carreira profissional ou o fim do escritório e conseqüentemente dos empregos nele contidos.

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