Banco Central adota medida devido a onda de ataques a caixas eletrônicos
Quem sacar uma nota marcada de terminais só poderá ser ressarcido se comprovar operação na agência bancária
As cédulas marcadas de tinta rosa pelos dispositivos antifurtos de caixas eletrônicos perderam a validade em todo o país e não podem mais ser trocadas nos bancos.
Desde ontem, quem pegar esse dinheiro não é mais ressarcido -exceto se o correntista tiver sacado a nota manchada de tinta rosa de um caixa eletrônico.
A nova regra foi anunciada ontem pelo Banco Central, com objetivo de dificultar a circulação de notas roubadas por conta da onda de ataques a caixas eletrônicos.
Neste ano, apenas no Estado de São Paulo, ocorreram 77 ataques a terminais eletrônicos feitos por quadrilhas que incluem até policiais militares. Na maioria dos casos, os bandidos usam explosivos para abrir os caixas.
Como resposta aos ataques, os bancos instalaram dispositivos de segurança que inutilizam as notas ao manchá-las com tinta rosa.
Há hoje cerca de 75 mil cédulas em circulação com essas características, segundo estimativa do BC. Representam menos de 0,1% das 4,2 bilhões de notas disponíveis.
As manchas podem cobrir um pedaço grande da cédula ou apenas a lateral. Em geral, a tinta atravessa o papel moeda e aparece também do outro lado da nota.
Quem receber uma cédula com essas características deve levá-la a um banco. O dinheiro será encaminhado ao BC para análise.
A nota só será trocada se for verificado que a mancha não é do sistema antifurto -se for marca de caneta, por exemplo. Caso contrário, não haverá ressarcimento.
Já quem sacar uma cédula marcada deve retirar um extrato para comprovar a operação e procurar a agência.
Se o saque for feito fora do expediente bancário, deve-se registrar um boletim de ocorrência e ir à agência para receber uma nota válida. A pessoa pode ainda procurar o BC, se a questão não for resolvida pelo banco.
Questionado sobre a possibilidade de uma pessoa receber o salário em dinheiro com uma nota marcada, o diretor de administração do BC, Altamir Lopes, afirmou que é preciso atenção. "A recomendação é que ele tenha cuidado ao receber o seu salário, que não receba esse tipo de cédula."
Em todos os casos, o cidadão pode ser investigado. Ao entregar a nota ao banco, deve informar número do CPF, documento de identidade com foto e endereço.
Se o BC identificar a cédula como ligada a furtos, o dinheiro será encaminhado para as autoridades policiais e judiciárias. Quem repassar a nota no comércio também pode ser investigado.
A norma do BC só prevê ressarcimento para os bancos, quando o dinheiro for marcado por acidente ou em caso de roubo frustrado.
Há duas semanas, o BC divulgou comunicado no qual afirmava que o cidadão seria ressarcido. Ontem, diretores do BC negaram ter mudado de posição sobre o assunto.
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