sexta-feira, 26 de agosto de 2011

DE CARDÁPIO A CATÁLOGO, TABLET GANHA NOVOS USOS

Localizado no cruzamento das avenidas Ipiranga e São João - um cenário imortalizado por Caetano Veloso em sua homenagem a São Paulo - o Bar Brahma é um dos endereços mais tradicionais da boemia paulistana. Mas o ritual de sentar-se à mesa e esperar que o garçom traga um cardápio, anotando o pedido no bloquinho de papel, está dando lugar a hábitos diferentes. Agora, os funcionários do bar usam um tablet para mostrar o menu; no mesmo equipamento, anotam os pedidos e os enviam a uma impressora na cozinha.
Os tablets conquistaram os consumidores ao permitir que eles pudessem ler livros e jornais, assistir a filmes e ouvir música, entre outras atividades, tudo em um só dispositivo. Agora, começa a ser usado pelas empresas de vários setores, o que inclui aplicações inusitadas, que vão muito além do escritório
"A novidade atraiu muita gente e chama bastante atenção de quem vem ao bar", diz Álvaro Aoas, sócio-diretor da Fábrica de Bares, grupo que administra o estabelecimento. No local, quatro tablets circulam entre os garçons, mas os clientes mais curiosos também "brincam" com o equipamento, afirma o executivo.
Os sócios do bar trouxeram os tablets de Las Vegas, nos Estados Unidos, em novembro de 2010. A ideia foi sugestão da empresa de software Esys Colibri, que desenvolveu o aplicativo utilizado pelos garçons para exibir o cardápio aos clientes e enviar os pedidos para a cozinha.
Da mesa do bar para a garagem, o tablet também está sendo testado por grandes montadoras. No Salão de Genebra deste ano - um dos principais eventos da indústria automobilística - a Volkswagen lançou o carro-conceito Bulli (uma nova geração da velha Kombi) e substituiu o som comum por um iPad, da Apple. Com a mudança, a ideia é estimular o chamado infotainment, um conceito que mistura informação e entretenimento. Com o tablet, o usuário pode ler notícias e ouvir música, entre outras atividades, sem sair do automóvel.
A premissa básica de um carro-conceito é mostrar possíveis aplicações de novas tecnologias e testar tendências que, no futuro, possam ser usadas em carros de série. Só para tomar como exemplo, a tecnologia Park Assist - que auxilia o motorista a estacionar o veículo e hoje encontrada no modelo Passat, da Volkswagen - foi originalmente mostrada em um carro-conceito.
A indústria da moda também está aprendendo a fazer uso do tablet, usando o equipamento para solucionar um antigo problema: a falta de espaço para expor todas as peças da coleção nas lojas.
A Billabong, marca controlada pelo grupo australiano GSM, passou a utilizar tablets para mostrar seu catálogo aos clientes. Segundo Leonardo Santos, gerente de tecnologia da informação (TI) do grupo GSM Brasil, o equipamento ajudou a mostrar mais peças, além de atrair consumidores que gostam de tecnologia.
A facilidade para trocar o catálogo na mudança de estações foi outro diferencial que influenciou o investimento no uso dos tablets. Cada loja da marca conta com 3 a 4 unidades do dispositivo.
Como os tablets ainda são caros, as empresas cercam seu uso de cuidados especiais. Restaurantes não se importam se o cliente leva para casa o cardápio ou se, na loja, o consumidor carrega o catálogo. Se eles estiverem no tablet, porém, o prejuízo é grande. "Preferimos inovar e correr o risco", diz Santos, da GSM. Até o momento, nenhuma loja da Billabong registrou algum tipo de incidente dessa natureza.
Na área da construção civil, a Cyrela passou a usar tablets em seus estandes de venda para mostrar, principalmente, como o projeto ficará depois de concluído. "A casa própria é um sonho e o que nós tentamos fazer foi mostrá-la em um equipamento próximo do nosso cliente", diz Fernando Moulin, gerente de e-business da Cyrela. Por enquanto, a companhia tem usado tablets na venda de imóveis de médio e alto padrões.
O próximo passo será adotar o equipamento em trâmites administrativos e financeiros da venda. "Temos planos de ampliar o investimento no equipamento", diz Moulin.

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