Esse é um dos pontos em destaque
da pesquisa, uma vez que 98% dos entrevistados afirmaram que "os
resultados são sempre melhores quando existe a percepção de cuidado com
colaboradores internos, ambiente e processos, por meio de uma comunicação clara
e transparente". Para tanto, conforme Beatriz, "é fundamental que o
topo da pirâmide esteja alinhado com a proposta da empresa, em outras palavras,
que os líderes tenham atributos ligados à hospitalidade". Entre os
atributos mais citados para um líder, tiveram destaque respeito pelos outros
(29%), ser confiável (19%), ser prestativo (16%), gentil (10%) e ter bom humor
(8%).
Será que o consumidor percebe e
se torna fiel a uma empresa hospitaleira? Beatriz aponta que as empresas que
buscam algo além de um bom atendimento surpreendem positivamente seus clientes.
"Respeito e confiança, assim como preços justos, são premissas básicas
para qualquer empresa e não podem ser considerados como 'diferenciais
competitivos'." Segundo ela, cada vez mais o desafio das empresas será
"criar experiências marcantes e memoráveis, já que a prestação de um bom
serviço e a pontualidade passaram a ser commodities. "É preciso encantar,
surpreender e ser hospitaleira em todas as áreas e pontos de contato do cliente
com a empresa", diz a diretora do IBHE.
O bom relacionamento com o
consumidor, conforme a pesquisa, deve ser construído por todas as áreas da
empresa, mas vem ganhando pulso a percepção da importância e da
responsabilidade das centrais de atendimento, o principal meio de contato entre
a empresa e o seu cliente. "Ano após ano, há crescimento por parte dos
entrevistados com relação ao canal SAC em detrimento à responsabilidade de
todas as áreas, que continuam liderando as citações, mas com decréscimo nos
três últimos anos (80% em 2010, 73% em
2011 e 67% em 2012).
Pesquisa – A pesquisa do IBHE
contou com a participação de mais de 400 entrevistados, sendo 71% do sexo
feminino e 29% do sexo masculino. Os entrevistados ocupam cargos de gerente
(25%), diretor/superintendente (15%), coordenador (13%) e analista/assistente
(22%), entre outros. Todos responderam um questionário eletrônico entre agosto
e outubro.
Quando perguntados sobre o que
melhor caracteriza a hospitalidade empresarial, respeito e confiança aparecem
no topo da lista, com 26% e 20% (ante os 34% e 23% do ano anterior,
respectivamente). "Esta variação indica que tais valores ainda são muito
importantes, mas com o acréscimo do quesito 'Encantamento' à pesquisa tivemos
uma mudança significativa, visto que a hospitalidade passou ser percebida
também como um meio de proporcionar experiência memorável, muito além de um
serviço padrão", aponta a diretora. O novo quesito obteve 14% das menções
dos respondentes. Em seguida, temos Acolhimento (16% – ante 19% do ano
passado), Gentileza (13% – ante 10%), Atenção (8%, mesmo índice de 2011),
Bem-estar (1%, ante 4% do ano passado) e Cumplicidade (2%, ante 3% do ano
anterior). Nota-se, assim, que "Encantamento" fez com que alguns
respondentes mudassem suas percepções, mais latente considerando os dois
últimos quesitos mencionados.
Assim como em 2012, quando
questionados sobre como a hospitalidade pode ajudar a empresa, os respondentes
endossam mais uma vez que o relacionamento com o cliente fica muito melhor
quando se investe no tema (32%). A novidade em 2012 foi a introdução do
atributo "se diferenciar dos concorrentes", com 20% das escolhas.
"O relacionamento cuidadoso, atencioso e presente se torna um diferencial
relevante nas empresas, que, sem dúvida, ajuda a promover a fidelização do cliente",
aponta Beatriz. "Praticar a hospitalidade passou a ser vista como uma boa
estratégia na criação do vínculo e valor, bem como uma fonte geradora de bons
negócios", diz.
Pelo quarto ano consecutivo, a
maioria dos respondentes considera que o bom atendimento, a cordialidade e o
cumprimento de prazos é premissa básica de qualquer empresa no exercício de
suas atividades, mas a forma de como nos sentimos ao nos relacionarmos com
determinada empresa é o que faz toda a diferença. "Para criar um ambiente hospitaleiro,
a experiência com a empresa deve ser marcante, mas não precisa ser nada
grandioso: basta ser fácil de ser percebido e simples de ser sentido", diz
Beatriz.
Destaques – Entre as empresas
consideradas hospitaleiras, a pesquisa aponta, pelo quarto ano consecutivo, na
primeira colocação, a empresa de medicina e saúde Fleury. O que a levou para o
topo do ranking foram o tratamento diferenciado, a preocupação com os clientes,
com o acolhimento e com os pequenos detalhes.
Em seguida, aparece a Natura,
citada como a empresa que atende às expectativas dos consumidores, por sua
abordagem com o cliente, respeito no relacionamento e bom atendimento. Em
terceiro lugar está a Porto Seguro, indicada pelo atendimento gentil, empático
e rápido, que se destaca pela qualidade de serviços e valores agregados.
"A empresa que consegue
criar um ambiente hospitaleiro tem maiores chances de ser bem sucedida nas suas
atividades em função do "vínculo" de confiança, gentileza, atenção,
cortesia que se cria", explica Beatriz. "A forma como percebemos uma
empresa, ou seja, a experiência que vivemos com ela, é marcante no processo
decisório de aquisição de um serviço/produto e é por isso que a hospitalidade
empresarial já é considerada um fator de competitividade. A conquista desse
diferencial ocorrerá, sem sombra de dúvida, por meio das pessoas", conclui
a diretora. (Colaborou Tatiana Ferrador)
Canais ineficientes levam
consumidor aos Procons
A hospitalidade em muitas
empresas ainda não é percebida com clareza pelos consumidores. A prova disso é
que eles continuam buscando as soluções para seus conflitos de consumo nas
instituições públicas de defesa do consumidor. Mensalmente, as 25 instituições
públicas estaduais e nas 220 municipais de atendimento ao consumidor (Procons)
ligadas ao Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec)
registram aproximadamente 150 mil queixas. O Sindec é organizado pelo
Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), ligado à Secretaria do
Consumidor (Senacon).
"Esse cadastro, de acordo
com Juliana Silva, secretária do Senacon, "serve de fonte de divulgação da
conduta do mercado brasileiro frente aos consumidores, ou seja, é uma
informação pública que precisa ser utilizada cada dia mais pela sociedade
brasileira. Serve também aos fornecedores na forma de aprimorarem o atendimento
ao consumidor".
O QUE DIZ O CDC
Artigo 4º
A Política Nacional das Relações
de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade
do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de
proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e
desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado
de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços
com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
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