Foi exatamente isso que aconteceu com Ulrich Ruther,
diretor-presidente de uma seguradora alemã. Há cerca de dez dias a Provinzial
NordWest emitiu um breve comunicado informando que seu presidente havia sido
ferido com uma chave de fenda do lado de fora da sede da empresa. Poucos dias
depois houve um segundo comunicado. "O ataque não aconteceu da maneira
como foi informado", disse a companhia.
Isso mostra, de uma maneira sombria, os danos provocados à família do
executivo pelas "turbulências" que a seguradora vem enfrentando, já
que é alvo de um possível 'takeover'. Ruther quer que "esta fase
extremamente tensa" termine, disse o comunicado. Ele não está sozinho em
querer o fim do estresse. Naquele mesmo dia, a 4.800 km de distância, Arianna
Huffington escrevia uma mensagem para seus seguidores no LinkedIn sobre sua
"Grande Ideia" para 2013: Menos estresse, vida mais longa.
A ideia, do jeito que foi apresentada, envolve um processo de dois
passos. O primeiro é reconhecer o quanto estamos estressados; o segundo é
adotar as medidas necessárias para "corrigir o rumo". Somente depois
vamos encontrar nosso "ponto centrado de harmonia e equilíbrio" e "nos
reconectar com nossa própria criatividade, sabedoria e alegria". Arianna
disse, em convenções, como os funcionários de seu "Huffington Post"
lidam com o estresse fazendo ioga e massagens, reconectando-se com sua
sabedoria e alegria.
Isso pode tê-los ajudado, mas não consigo imaginar como poderia ter
sido útil para Ruther. Ou para mim, para dizer a verdade. Para eu conseguir
"corrigir o rumo", penso em quatro coisas - e ioga não é uma delas.
São elas: a) que meus filhos fossem dez anos mais velhos; b) que meu pai fosse
dez anos mais novo; c) que meu cérebro trabalhasse com mais rapidez; e d) que a
Uniqlo não tivesse vendido todas as blusas do modelo que eu pretendia dar de
Natal para minha filha.
O mais impressionante sobre a "Grande Ideia" de Arianna Huffington
é a maneira como ela consegue ser trivial e equivocada ao mesmo tempo. Assim
como a própria ideia de que menos estresse significa viver mais. Para começar,
o estresse e a vida não estão em conflito. Se não passássemos por um certo
estresse, não haveria um bom motivo para levantar da cama de manhã. É errado
pensar no estresse como um inimigo e ainda mais errado não pensar no assunto.
Quando me sinto estressada, a pior coisa que posso fazer é ceder a ele. Até
mesmo mencionar a palavra é ruim.
Na verdade, a única cura confiável que conheço é passar 30 segundos
com meu marido. Isso sempre acontece do mesmo jeito: reclamo do quanto estou me
sentindo estressada e ele responde, sem tirar os olhos de seu laptop: "Que
besteira! Você tem uma vida interessante, ativa e gosta que ela seja
assim". Essa resposta sempre faz eu me sentir muito melhor. Percebo que
não estou estressada, simplesmente estou com muita coisa para fazer.
E se o problema é estar muito ocupada, a resposta não é fazer uma
massagem - que passa a ser mais uma coisa a ser organizada e para a qual você
precisa chegar na hora -, mas deixar de lado algumas das coisas que você
deveria fazer. Responder e-mails sem sentido, perder tempo fazendo salgadinhos
para o dia de Natal e a passar na festa do vizinho, são coisas que podem ser
facilmente dispensadas.
O maior problema sobre o estresse é sua falta de clareza. Ele é uma
muleta para todo tipo de coisa. Quando digo que estou estressada, normalmente
quero dizer uma de três coisas: que estou ocupada demais, cuja resposta para
isso é fazer menos. Ou que estou muito cansada, cuja resposta é ir dormir. Ou
que estou ansiosa, cuja resposta é lidar diretamente com o que está me deixando
preocupada.
Não sei qual era o problema de Ruther. A resposta poderia ser uma
medicação, um trabalho diferente ou continuar persistindo. É difícil dizer
hipoteticamente. De qualquer maneira, ioga não é a melhor forma de combater o
estresse. Isso serve para relaxar músculos tensos, mas apenas se você tiver
paciência para ficar falando de chacras. O estresse em si não pode ser
derrotado e não há nada mais estressante do que tentar fazer isso.
Portanto, eis minha grande ideia para 2013. Acabar com o estresse em
um único passo, eliminando a palavra, forçando-nos assim a identificar com mais
precisão aquilo que nos aflige.
Lucy Kellaway é colunista do "Financial Times". Sua coluna é
publicada às segundas-feiras na editoria de Carreira.
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