Mas as pessoas que têm reações
extremas ao estresse, desde taquicardia até um ataque de raiva, talvez tenham
uma propensão inata para agirem assim, os pesquisadores vêm concluindo. Não se
sabe quantas pessoas têm essa tendência a reações extremas ao estresse, mas ela
pode durar anos ou a vida toda.
As pessoas que têm essas reações
exageradas muitas vezes não conseguem explicar por que um pequeno contratempo
em um projeto, ou um pouco de suco derramado por uma criança, pode desencadear
uma resposta vulcânica.
"Elas se acham estranhas e
se perguntam por que as outras pessoas não reagem assim", diz Lois Barth,
um "life coach", ou treinador de desenvolvimento pessoal, de Nova
York que trabalha com pessoas altamente reativas ao estresse para que tenham
melhor desempenho no trabalho e atinjam seus objetivos pessoais. "Mas
muita gente não consegue evitar."
As crianças que crescem em meio a
conflitos entre os pais, punições severas ou instabilidade - ou que são criadas
por pais ansiosos ou invasivos - muitas vezes desenvolvem durante a vida uma
atitude de vigilância diante de ameaças e perigos, segundo um estudo de 2011 da
"Neuroscience and Biobehavioral Reviews", baseado em cerca de 400
artigos publicados e revisados por especialistas. Um passado desse tipo pode
predispor a pessoa a responder com mais rapidez e veemência ao se deparar com
um problema, afirma o estudo.
Uma resposta normal a um estado
de estresse inclui aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração, seguida
por um aumento nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, na corrente
sanguínea. Normalmente, dentro de uma ou duas horas depois que a causa do
estresse abranda, esses indicadores caem de volta ao nível normal. Mas as
pessoas que têm um comportamento "vigilante", altamente reativo,
apresentam uma resposta mais intensa e aguda e se acalmam mais devagar.
Algumas se tornam defensivas ou
agressivas, enquanto outras sentem medo e se retraem, diz o estudo, chefiado
por Marco Del Giudice, professor assistente de psicologia na Universidade de
Turim, na Itália. Não se sabe qual percentagem da população é condicionada dessa
maneira. Um estudo com 256 crianças, publicado no ano passado na
"Developmental Psychology", concluiu que 10% se encaixam no padrão
"vigilante".
"Uma pessoa vigilante é
hipersensível, reage em um nível biológico e investe mais esforço e energia
para se defender de ameaças, reais ou percebidas", diz Bruce J. Ellis, um
dos autores do estudo e professor de ciências da família e do consumidor na
Universidade do Arizona, em Tucson.
"Compreender que diferentes
pessoas são programadas para reagir de forma diferente ao estresse pode
ajudá-las a entender seu próprio comportamento e administrar melhor sua saúde,
seus relacionamentos e suas decisões", diz Ellis.
Uma reação extrema ou crônica ao
estresse, por exemplo, está associada a doenças cardíacas, problemas digestivos
e hipertensão.
Mas também pode ser uma reação
adaptativa, que ajuda a pessoa a enfrentar bem as ameaças, diz Ellis. Estudos
em animais mostram que filhotes de ratos que recebem menos atenção e cuidados
de suas mães tendem a ter níveis mais altos de hormônios do estresse e
desempenho mais baixo do que os outros ratos quando estão calmos, diz ele. Mas,
sob estresse, eles têm melhor desempenho, demonstrando melhor aprendizagem e
melhor memória.
Victoria Pynchon passou a
infância vendo seus pais brigarem, o que a condicionou a discutir e a se
antecipar e reagir prontamente a ameaças, diz ela. Depois de adulta, ela
decidiu se tornar advogada de empresas, uma profissão em que a propensão a
discutir é uma vantagem, diz Pynchon, de Los Angeles. "Ser combativa,
recusar-se a cooperar, responder agressivamente quando alguém está sendo um
cretino com você, tudo é parte do jogo." Ela diz que geralmente encara os
desafios com raiva, no trabalho e fora dele.
O padrão da reação ao estresse
não é imutável, diz Del Giudice. Algumas transições de vida, tais como entrar
na puberdade, provocam mudanças hormonais que podem alterar a resposta ao
estresse. Além disso, a pessoa pode aumentar ou diminuir a intensidade da
reação conforme as mudanças no ambiente.
A maioria das pessoas reativas ao
estresse se conscientiza cedo de que passam mais tempo indignadas e nervosas do
que as outras. A ansiedade e os problemas de saúde resultantes muitas vezes as
lançam em uma busca por remédios. "Elas realmente têm que compreender de
que modo foram condicionadas para poder diminuir a intensidade", diz
Barth.
Quando Pynchon percebeu, depois
de 12 anos trabalhando como advogada, que seu estresse no trabalho estava lhe
causando problemas de saúde, ela reduziu o ritmo e começou a escrever textos de
ficção para "me reconectar com meu espírito criativo", diz ela.
Também encontrou um trabalho mais gratificante como mediadora, e ajudou a
fundar a "She Negotiates", firma de treinamento em negociação.
Trabalhando com Judy Martin,
consultora nova-iorquina de gestão de estresse, ela começou a se exercitar
diariamente e a praticar meditação durante a caminhada ou natação. Em vez de
ter uma forte reação quando desafiada, ela faz uma pausa para perceber "o
momento - talvez apenas um nanossegundo em que você toma a decisão, se vai
explodir ou vai sair de perto", diz Pynchon. "E, cada vez mais, tenho
conseguido captar esse momento e fazer algo diferente."
O psicoterapeuta Robert Lawrence
Friedman, presidente da Stress Solutions, firma de treinamento e consultoria do
Estado de Nova York, ensina aos clientes um método semelhante, de quatro
passos, para "pisar no freio", começando por pensar ou dizer em voz
alta a palavra "pare". Então, diz ele, a pessoa deve respirar
profundamente, se concentrar no que está pensando e, conscientemente,
substituir os pensamentos de raiva ou de medo pelo pensamento mais positivo que
poderia ter.
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