Para se ter uma ideia da
cruzada, o software do Sped, desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento
de Dados (Serpro), maior empresa pública de prestação de serviços em tecnologia
da informação do País, recebe hoje, em três dias, o mesmo volume de documentos
fiscais recolhidos para a declaração do Imposto de Renda 2012-2013. Ao todo,
segundo Divino Lisboa, coordenador do Sped no Serpro, são mais de 8,6 bilhões de
documentos fiscais (NF-e) disponíveis para uso da Receita Federal – o que faz
do sistema “o maior gerador de dados fiscais do Brasil, 30 vezes mais que os
demais sistemas da Receita Federal”, indica o coordenador.
Diariamente, a autarquia
movimenta 10 milhões de NF-e. Com o eSocial, terá um acréscimo diário de quase
3,5 milhões de dados, ou mais 100 milhões de eventos mensais: 70 milhões de
contracheques e 30 milhões de informações referentes a demissões e licenças
médicas. Nobres objetivos à parte – integração dos Fiscos estaduais e
municipais, agilização dos processos fiscais em tempo real, uso da informação
digital com mais garantia de confiabilidade, entre outros –, o sistema também
tem desdobramentos positivos no mercado privado.
Exemplo: o eSocial. Visando
defender os direitos dos trabalhadores e estancar as fraudes junto à
Previdência — o que, só com operações desbaratadas permitiu recuperar R$ 85
bilhões para os cofres públicos em 2012 —, o eSocial dispensa a multiplicidade
de envio de informações ao INSS, aos ministérios do Trabalho e da Previdência
Social e à Receita Federal, enxugando processos nas empresas. Mais que tudo,
ele representa “uma mudança cultural, na medida em que obriga que as diferentes
áreas de uma corporação – o RH, o departamento contábil, o jurídico e outros –
conversem entre si para gerar as informações exigidas pelo governo”, explica
Afonso Pietroniro, da B2Finance. Recente fiscalização da Receita Federal em
apenas 1% das empresas nacionais comprovou que elas deixaram de recolher R$ 4
bilhões em 2012, por divergências de dados nas folhas de pagamento, montante
que pode chegar próximo de R$ 20 bilhões no primeiro ano de implantação do
eSocial.
Para Júlio Cosentino, da
Certisign, porém, o Sped está longe do seu pico de crescimento: “O Brasil tem
dez milhões de empresas. Os trabalhadores estão começando a ser contemplados.
Em seguida, teremos novas frentes: o segmento médico com o prontuário eletrônico
do paciente; o B2B, instrumento que celebra contratos entre dois parceiros; o
peticionamento eletrônico dos advogados, etc.”.
Para Odair Aguiar, vice-presidente da Oracle, empresa de softwares,
por mais promissor que seja o mercado neste momento, os fornecedores de TI
ainda enfrentam algumas dificuldades associadas ao Sped. A saber, “mudanças
rápidas em relação às obrigações e requisitos que nos impõem constantes
atualizações dos programas e um cronograma de liberação das informações para o
governo que são um verdadeiro desafio para as empresas que não querem ser
induzidas ao erro”. “Trata-se de uma mudança cultural, na medida em que obriga
que as diferentes áreas de uma corporação conversem entre si para gerar as
informações exigidas pelo governo”, diz Pietroniro.
Fonte: DCI
Nenhum comentário:
Postar um comentário