De religiões tradicionais à meditação, veja onde e como buscar tranquilidade, inspiração e equilíbrio para a carreira.
Cultivar a espiritualidade - no seu sentido mais amplo, independentemente de religiões ou crenças -, ajuda a enfrentar com mais serenidade, sabedoria e equilíbrio não apenas a vida pessoal, mas também os desafios profissionais. Com rotinas cada vez mais estressantes, pressão crescente por resultados e competitividade, quem consegue olhar além do mundo material com certeza sofre menos e aceita mais.
"O segredo da vida é aceitar que tudo vem em ciclos, que tudo que começa, termina. Acreditamos na reencarnação e no resgate de vidas passadas. Esta é a essência do doutrina espírita de Alan Kardec, a qual me dedico desde os meus 21 anos, quando ainda estava na faculdade", diz Eduardo Pocetti, 58 anos, que é presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), e sócio da área de auditoria de uma das quatro maiores do ramo.
"Ajuda a aceitar não apenas a perda de um ente querido, mas a perda de um emprego ou até o fim da carreira, a chegada da aposentadoria", diz o executivo, que está, exatamente, se preparando para encerrar 40 anos de dedicação ao mundo corporativo e dois à frente da entidade de classe que preside.
Ricardo Baságlia, diretor da Michael Page, vê com bons olhos o desenvolvimento do lado espiritual pelos executivos. Para ele, o executivo precisa buscar uma fonte de energia fora da empresa, de forma que, no momento de adversidade, consiga lidar com a situação.
"O profissional precisa ter uma válvula de escape. Caso contrário será difícil lidar com questões não só profissionais, mas também pessoais e familiares."
Um dos principais valores que se agrega ao desenvolver o lado espiritual é ouvir e entender ponto de vista do próximo. Paciência, generosidade, honestidade e ética também são citados por especialistas. "Vejo que faltam essas habilidades a alguns líderes", afirma o diretor da Michael Page.
O Reverendo Eliseu Creem, pastor da Catedral Evangélica de São Paulo, lembra que os profissionais devem sempre cultivar sua espiritualidade, tanto pelo aspecto da humanidade quanto pelo lado de crescimento como pessoa e na carreira.
"A forma com que um executivo vai conduzir uma conversa profissional e até demitir um funcionário mostra bem se ele tem espiritualidade elevada ou não. Os que tem normalmente agem de forma mais humana, com olho no olho, considerando aquela pessoa importante."
Gurus
O conhecido médico endocrinologista indiano Deepak Chopra, radicado nos Estados Unidos, autor de mais de 35 best sellers, incluindo "As sete leis espirituais para o sucesso" é guru de estrelas, executivos e políticos famosos no mundo todo. Chopra começou escrevendo para executivos.
"Como os executivos são as pessoas que governam e lideram o mundo, e para que haja uma mudança radical no planeta, é necessário mudar as pessoas que lideram. A mudança começa de dentro para fora", diz em seu site na internet.
Eduardo Shinyashiki, especialista em desenvolvimento das competências de liderança e preparação de equipes, é de certa forma uma espécie de guru que, como Chopra, orienta executivos aqui no Brasil.
"A prática da espiritualidade agrega valores como ética, além do significado das ações e dos objetivos estabelecidos e a cooperação", diz.
Situações de dificuldade, angústia e tensão são momentos onde se conectar com a própria espiritualidade e força interior é ainda mais importante para recuperar a confiança no futuro, lembra Shinyashiki.
Segundo o especialista, as práticas espirituais modificam positivamente a maneira como o sistema nervoso reage às pressões, permitindo a pessoa enfrentar os desafios mais complexos com sucesso e satisfação.
Elas permitem aumentar a resistência ao estresse, a clareza mental, a capacidade de tomar decisões, diminuir a ansiedade e, consequentemente, melhorar o desempenho profissional e os relacionamentos interpessoais.
Para ele, o equilíbrio de um líder depende de quatro pontos: o bem estar físico, emocional, ético e espiritual.
O aspecto espiritual permite encontrar a própria "força interior", a própria "energia vital" para, cada vez mais, ajudar na gestão de equipe, controle do estresse e das incertezas, e dar um significado mais profundo às nossas ações.
Marcos Morita, especialista em estratégias empresariais, chama a atenção para dois erros cometidos por profissionais ligados à religiosidade. "Não adianta tentar converter todos a sua volta, bem como enaltecer a religião que segue. Cada indivíduo tem suas crenças e é necessário respeitar."
De fato, a fé é algo muito particular e intimo.
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