Esse estímulo vem sendo adotado pela Companhia de Idiomas que, em
2009, resolveu atrelar os resultados alcançados à remuneração variável, tomando
como base o KPI - Key Performance Indicators ou indicadores de desempenho.
"O que nos estimulou a implantar essa prática foi quando começamos a
entender que o planejamento estratégico não termina com estabelecimento da
missão, da visão, dos valores e das metas-macro. Não é só estratégico. Mesmo em
uma pequena empresa como a nossa, temos de saber traduzir a estratégia para o
que é tático e o que é operacional", relembra Rosangela Souza,
sócia-diretora da Companhia de Idiomas. Graças aos KPIs houve um alinhamento na
estratégia e hoje, assegura a executiva, todos os colaboradores sentem-se
sócios e começam a ser responsáveis pelas tomadas de decisão e pelas ações na
empresa.
Rosangela Souza explica que para implantar os indicadores de
desempenho a empresa optou por não firmar parcerias com consultorias externas,
uma vez que ela obteve muito conteúdo durante a realização do seu MBA e ela
própria preparou a equipe que até então, nunca tinha ouvido falar sobre a
obtenção de metas. "Esta linha de trabalho foi adotada, porque percebemos
que se queremos que alguém faça algo, temos de medir. E se queremos que alguém
faça algo com qualidade, temos de orientar, medir, reconhecer, remunerar. Não
conseguimos mudar nada que não medimos. Se queremos emagrecer, o primeiro passo
é se pesar, medir, para só então estabelecermos a meta e as ações necessárias.
É a mesma coisa. A meta macro, por exemplo, aumento de lucratividade em x por
cento tem de ser traduzida em indicadores de redução de despesas, melhor
administração dos custos, aumento de receita. E cada colaborador, de acordo com
seu talento e área de atuação, pode contribuir com a macro, no dia a dia",
complementa.
Indicadores de desempenho - A proposta de atrelar a remuneração à
obtenção de metas tornou-se clara para os colaboradores da empresa porque tudo
ficou bem esclarecido, ou seja, através do processo de feedback cada
funcionário passou a conhecer o que realmente a organização esperava dele. Os
gerentes de relacionamento, por exemplo, têm seus desempenhos analisados
através de KPIs que medem percentual de grupos que interrompem cursos por
insatisfação, percentual de alunos que consideram seus professores excelentes,
percentual de alunos que obtêm os resultados prometidos em seus cursos,
lucratividade de cada carteira de clientes, entre outros. Ou seja, são KPIs
qualitativos e quantitativos, de qualidade e também financeiros, pois ambos
precisam caminhar lado a lado, já que fazem parte da estratégia organizacional.
Além dos indicadores de desempenho financeiro, de redução de custos e
aumento de lucratividade, existem outros indicadores muito valiosos para a
Companhia de Idiomas como, por exemplo: os que medem o quanto os colaboradores
estão felizes em trabalhar na empresa, absenteísmo e o turnover. "São
considerados também indicadores de desenvolvimento do time, como coaching para
100% dos colaboradores, incluindo sócios, com o objetivo de explorar o
resultado do feedback 360º que temos anualmente. Aqui, não é só receber e dar
feedback. É fundamental trabalhar os pontos a melhorar, medindo as ações
realizadas por cada um de nós mensalmente, já que é um indicador de
desempenho", ressalta a sócia-diretora da Companhia de Idiomas.
Comunicação interna - Quando indagada sobre como os funcionários foram
apresentados aos indicadores de desempenho, Rosangela Souza, afirma que tudo
ocorreu da melhor forma possível. Isso porque, tudo foi construído com eles e
até hoje os funcionários acompanham os ajustes que são realizados, para manter
a proposta condizente com a realidade do mercado. Vale ressaltar que a direção
da empresa mostra-se sempre disponível em ajudar todos os profissionais a
atingirem suas metas, pois essas também fazem parte dos objetivos da
organização.
"Aqui falamos diariamente: o que é bom para você, é bom para a
empresa. Porque se o profissional bate a meta, significa que um aspecto
relevante da empresa, confiado a ele, foi bem trabalhado e as expectativas
foram atingidas. Então, é hora de remunerar, valorizar e comemorar. Mas acho
importante lembrar que nem tudo o que pode ser medido importa. E nem tudo o que
importa pode ser medido. Senão começamos a contar quantos passos o colaborador
dá até o bebedouro, só porque é possível quantificar. Só se mede o que é relevante
para a estratégia", enfatiza a executiva.
Metas e remuneração - Apenas para se ter uma ideia mais clara de como
o processo materializa-se no bolso do funcionário, os colaboradores do setor
administrativo possuem remuneração variável atrelada ao desempenho individual,
ou seja, metas e KPIs, sempre relacionadas à performance da empresa. Por
exemplo, o funcionário "João" bateu uma meta que o remunera com 1% da
receita de determinado produto. Se não a alcançou, não leva e só recebe o salário
fixo e bônus por outras metas atingidas. Caso a alcance e esta receita esteja
alta no bimestre, leva 1% de um bolo grande.
Receptividade - De acordo com Rosangela Souza, a receptividade dos
talentos humanos em relação obtenção de metas atrelada à remuneração variável
começa no momento do recrutamento e da seleção do time, pois se ocorrer falhas
nesse processo, mesmo que o profissional seja excelente tecnicamente, não irá
se adequar à cultura da empresa. "Este talentos começará a reclamar das
metas, pedirá aumento no salário fixo, dirá que não tem tempo para cuidar das
metas, enfim, vai sinalizar que não vê sentido em tudo isso. E se o adulto não
vê sentido no que faz, ele sabota e explica racionalmente a razão, sem perceber
que está se sabotando também. Um novo funcionário não está só sendo contratado,
ele começa a fazer parte da nossa missão e tem de querer fazer parte. Sabemos
que 90% dos planos falham não porque a estratégia estava errada, mas porque as
ações do dia a dia não foram bem executadas", argumenta.
Por fim, a executiva enfatiza que os KPIs e a remuneração variável
atrelada só funcionam nas pequenas e médias empresas quando: primeiro - as
pessoas que somam competências técnicas, atitude positiva com relação a
desafios, postura constante de aprendiz mais time que se ajuda. Segundo, quando
se encontram integrados o ambiente que favorece a amizade e laços entre as
pessoas, os altos padrões de excelência, o sistema de medição e reconhecimento
frequentes e a comunicação clara e constante.
"É fundamental ainda que existam conversas rápidas e frequentes,
realizadas em duplas ou individualmente, com o objetivo de deixar o colaborador
falar livremente como estão as coisas, o que está sentindo. Este um ótimo
termômetro. E deve-se estimular a criação de um ambiente colaborativo, com
politicagem zero, sem competição, foco na missão, significado de tudo o que se
faz, comunicação informal e frequente, compensação financeira e
emocional", conclui.
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