Proposta do
governo estende a domésticas direitos previstos na CLT. Um desses direitos é
multa de 40% do FGTS por demissão sem justa causa.
A presidente
Dilma Rousseff em reunião com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e a ministra
Gleisi Hoffmann sobre a emenda das domésticas
A presidente
Dilma Rousseff entregou nesta terça-feira (21) a parlamentares a proposta do
governo para regulamentar os novos direitos das empregadas domésticas,
estabelecidos pela chamada PEC das Domésticas, que começou a valer em abril.
A proposta
mantém em 40% a multa sobre o saldo do FGTS em caso de demissão e em 12% a
contribuição dos patrões ao INSS. O relator da comissão especial do Congresso
que discute o assunto, senador Romero Jucá (PMDB-RR), havia proposto a redução
do valor da multa sobre o FGTS para 5% a 10%. O texto de Dilma também prevê
três tipos de jornada de trabalho diferentes e a criação do banco de horas
proposto pela comissão.
Sete pontos
da emenda constitucional que ampliou os direitos dos empregados domésticos
ainda não estão regulamentados: seguro-desemprego, indenização em demissões sem
justa causa, conta no FGTS, salário-família, adicional noturno, auxílio-creche
e seguro contra acidente de trabalho.
As propostas
do governo foram recebidas por Jucá e pelo presidente da comissão mista que
discute o tema no Congresso, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), em reunião no
Palácio do Planalto.
A ministra
Ideli Salvatti (Relações Institucionais) afirmou nesta sexta que o projeto para
regulamentação será elaborado pelos parlamentares. "Não terá um projeto de
iniciativa do Executivo para tratar desse assunto, afirmou.
A comissão
mista vai elaborar um projeto de lei que deverá ser aprovado na Câmara e no
Senado. O texto, então, seguirá para sanção ou veto da presidente da República.
A emenda prevê prazo de 90 dias para a regulamentação desses direitos – ou
seja, até o início de julho.
O senador
Romero Jucá disse que seu relatório final deverá ser entregue à comissão mista
“ainda nesta semana”. “Vamos trabalhar rapidamente. Sabemos da ânsia, da
vontade da sociedade brasileira”, afirmou.
Propostas
A proposta
de regulamentação do governo mantém as regras do FGTS existentes para as demais
categorias profissionais: o empregador será obrigado a recolher 8% do salário
pago e ficará mantida a multa rescisória de 40% do saldo da conta do FGTS em
casos de demissão sem justa causa.
Além disso,
pela proposta do governo, a contribuição patronal para o INSS continuará em 12%
e a do empregado, entre 8% e 11%, conforme a faixa salarial.
A proposta
prevê também o seguro-desemprego, o auxílio-acidente e o salário-família
conforme determina a CLT.
O texto do
governo contempla ainda três possibilidades de jornada de trabalho, que será
definida em acordo entre trabalhador e empregado: 44 horas semanais com até 4
horas extras por dia; regime de revezamento de 12 horas diárias seguidas de 36
horas de descanso; ou a formação de um banco de horas com compensação das horas
trabalhadas no período de até um ano.
Os
empregados teriam direito, pela proposta entregue por Dilma, a intervalo de uma
hora de descanso, podendo ser reduzido para 30 minutos mediante acordo. O
intervalo mínimo de descanso entre as jornadas seria de 11 horas, e os
trabalhadores teriam direito a um dia livre por semana, preferencialmente aos
domingos.
Conforme
determina a CLT, os empregados domésticos, pela sugestão do governo, teriam
remuneração adicional de 50% nas horas-extras e de 20% no trabalho noturno
(entre 22h e 5h). Há possibilidade de trabalho em feriados, desde que haja
folga compensatória ou remuneração em dobro.
Evitar a
'precarização'
De acordo
com a ministra da Casa Civil, GleisiHoffmann, o governo quer estender a esses
empregados os direitos previstos para todos os demais trabalhadores regidos
pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Segundo ela,
a proposta contempla direitos já assegurados com a aprovação da PEC das
Domésticas, no início de abril, e também “agrega direitos previstos na CLT”.
“A proposta
que entregamos hoje tem como prioridade a não precarização dos direitos”,
declarou a ministra, que negou que o governo vá entregar um projeto de lei para
regulamentar o trabalho doméstico.
“Nós
apresentamos ao Congresso aquilo que apresentaríamos em projeto de lei. Não
abrimos mão de manifestar a posição do governo”, afirmou. Segundo a ministra, a
presidente "acha importante essa relação com o Congresso, que é a casa
onde esses direitos têm que ser regulamentados”.
O senador
Romero Jucá agradeceu a disposição de Dilma de trabalhar em conjunto com o
Congresso. “Nossa proposta não reduzirá direitos, não reduzirá garantias dos
trabalhadores brasileiros. Esse foi um pacto firmado com a presidenta Dilma”,
declarou o senador.
Fonte: G1
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