Segundo
pesquisa, embora a razão predomine, o coração está tendo influência cada vez
maior nas decisões das executivas. Para especialistas, isso é bom.
O senso
comum sempre atribuiu às mulheres um perfil mais emocional, mas desde que elas
começaram a ocupar cargos de liderança nas empresas, a razão se tornou elemento
indispensável. Pode parecer um contrassenso, mas isso está mudando novamente e,
segundo os especialistas, para o bem do mundo corporativo.
Uma pesquisa
da consultoria Lee Hecht Harrison|DBM, que atua na transição de carreira e
desenvolvimento de talentos, mostra que as mulheres em cargos de liderança
estão caminhando para um equilíbrio maior entre razão e emoção na hora de tomar
decisões. Segundo o levantamento, que ouviu homens e mulheres de empresas
multinacionais do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, 79%
delas ainda preferem se basear em critérios lógicos e objetivos, com números e
dados concretos, para tomar decisões. Há três anos, o mesmo levantamento
mostrava que 87% das mulheres mantinham essa postura. “Isso mostra que as
mulheres estão, aos poucos, valorizando mais as circunstâncias e o contexto e
não apenas dados e fatos racionais” afirma Carla Mello, diretora para a Região
Sul da LHH|DBM.
Diante de um
cenário corporativo cada vez mais dinâmico e incerto, uma postura mais flexível
ajuda a navegar melhor pelas mudanças e contribui para aumentar o nível de
maturidade da equipe. Não é à toa que as mulheres vêm ampliando a participação
nos cargos de liderança. Além do olhar mais individual e da habilidade de ouvir
e dialogar, elas têm grande capacidade de cooptar, conciliar e de gerir
conflitos, aspectos importantes para o engajamento e retenção de profissionais
neste momento delicado de disputa por profissionais qualificados, observa
Carla.
O
levantamento mostra que os homens também estão mais “emocionais” no processo
decisório. Há três anos, o porcentual de líderes masculinos que tomavam
decisões com base em critérios racionais era de 95%. Na última pesquisa esse
número caiu para 89%.
“Faz-se cada
vez mais necessária a flexibilidade e a análise de fatores tácitos [que não
possuem dados concretos ou referências anteriores]. A cada dia temos sido
levados a aprender, lidar e decidir sobre fatos incertos, crises complexas e
cenários nunca vistos antes, e neste sentido, aqueles que decidem com mais
feeling quando os dados são escassos, podem estar um passo adiante na
adaptação”, comenta Carla.
O equilíbrio
é um desafio diário
Não é à toa
que grandes empresas estão confiando seus departamentos pessoais, considerados
estratégicos, às mulheres. Tânia Bertolucci é gerente de desenvolvimento de RH
para a América Latina da Case New Holland (CNH). Há 25 anos nessa área, sendo
19 na CNH, ela conta que aprendeu a ter foco no negócio. “Nas grandes empresas,
a cobrança por resultados exige que as decisões sejam baseadas em critérios
racionais, mas não se pode perder o foco nas pessoas”. Segundo ela, esse lado
que é mais feminino, da emoção, da atenção aos detalhes, do feeling dos
ambientes e das pessoas ajuda – e muito – no dia a dia do mundo corporativo. O
processo de contratação de executivos é um dos exemplos da rotina de decisões a
que Tânia está sujeita. “Nesse caso, mais que informações objetivas, é preciso
ter sensibilidade para perceber os profissionais”. Para Sandra Lisbôa, gerente
de RH da ThyssenKrupp Presta do Brasil, grandes ou pequenas, as decisões
diárias exigem bom senso e jogo de cintura. “Às vezes é preciso abrir exceções
para lidar com os problemas das pessoas, mas tem hora que você precisa ser mais
firme e racional”, afirma Sandra.
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