quinta-feira, 7 de março de 2013

Mulheres: racionais ou emocionais?

Segundo pesquisa, embora a razão predomine, o coração está tendo influência cada vez maior nas decisões das executivas. Para especialistas, isso é bom.
O senso comum sempre atribuiu às mulheres um perfil mais emocional, mas desde que elas começaram a ocupar cargos de liderança nas empresas, a razão se tornou elemento indispensável. Pode parecer um contrassenso, mas isso está mudando novamente e, segundo os especialistas, para o bem do mundo corporativo.
Uma pesquisa da consultoria Lee Hecht Harrison|DBM, que atua na transição de carreira e desenvolvimento de talentos, mostra que as mulheres em cargos de liderança estão caminhando para um equilíbrio maior entre razão e emoção na hora de tomar decisões. Segundo o levantamento, que ouviu homens e mulheres de empresas multinacionais do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, 79% delas ainda preferem se basear em critérios lógicos e objetivos, com números e dados concretos, para tomar decisões. Há três anos, o mesmo levantamento mostrava que 87% das mulheres mantinham essa postura. “Isso mostra que as mulheres estão, aos poucos, valorizando mais as circunstâncias e o contexto e não apenas dados e fatos racionais” afirma Carla Mello, diretora para a Região Sul da LHH|DBM.

Diante de um cenário corporativo cada vez mais dinâmico e incerto, uma postura mais flexível ajuda a navegar melhor pelas mudanças e contribui para aumentar o nível de maturidade da equipe. Não é à toa que as mulheres vêm ampliando a participação nos cargos de liderança. Além do olhar mais individual e da habilidade de ouvir e dialogar, elas têm grande capacidade de cooptar, conciliar e de gerir conflitos, aspectos importantes para o engajamento e retenção de profissionais neste momento delicado de disputa por profissionais qualificados, observa Carla.
O levantamento mostra que os homens também estão mais “emocionais” no processo decisório. Há três anos, o porcentual de líderes masculinos que tomavam decisões com base em critérios racionais era de 95%. Na última pesquisa esse número caiu para 89%.
“Faz-se cada vez mais necessária a flexibilidade e a análise de fatores tácitos [que não possuem dados concretos ou referências anteriores]. A cada dia temos sido levados a aprender, lidar e decidir sobre fatos incertos, crises complexas e cenários nunca vistos antes, e neste sentido, aqueles que decidem com mais feeling quando os dados são escassos, podem estar um passo adiante na adaptação”, comenta Carla.
O equilíbrio é um desafio diário

Não é à toa que grandes empresas estão confiando seus departamentos pessoais, considerados estratégicos, às mulheres. Tânia Bertolucci é gerente de desenvolvimento de RH para a América Latina da Case New Holland (CNH). Há 25 anos nessa área, sendo 19 na CNH, ela conta que aprendeu a ter foco no negócio. “Nas grandes empresas, a cobrança por resultados exige que as decisões sejam baseadas em critérios racionais, mas não se pode perder o foco nas pessoas”. Segundo ela, esse lado que é mais feminino, da emoção, da atenção aos detalhes, do feeling dos ambientes e das pessoas ajuda – e muito – no dia a dia do mundo corporativo. O processo de contratação de executivos é um dos exemplos da rotina de decisões a que Tânia está sujeita. “Nesse caso, mais que informações objetivas, é preciso ter sensibilidade para perceber os profissionais”. Para Sandra Lisbôa, gerente de RH da ThyssenKrupp Presta do Brasil, grandes ou pequenas, as decisões diárias exigem bom senso e jogo de cintura. “Às vezes é preciso abrir exceções para lidar com os problemas das pessoas, mas tem hora que você precisa ser mais firme e racional”, afirma Sandra.

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