A menos de 15 dias do fim da campanha de vacinação contra a febre aftosa, a Secretaria da Agricultura estima que apenas um quarto dos animais tenha sido imunizado. Os produtores têm até o dia 30 deste mês para fazer a aplicação. A meta do governo é atingir, nesta segunda etapa, 5 milhões de bois e búfalos com até 24 meses de idade. Para produtores com até cem animais que se encaixam no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), serão disponibilizadas, nesta etapa, 2,5 milhões de doses gratuitas, que devem ser solicitadas nas Inspetorias Veterinárias e Zootécnicas (IVZs) de cada município. Os demais criadores precisam comprar as vacinas e comprovar a aplicação. Segundo o coordenador da campanha, Fernando Groff, o fato de apenas 25% dos criadores terem vacinado seus rebanhos até o início desta semana é "normal", já que muitos deixam para cumprir a exigência na última hora. O veterinário garante que não faltarão doses porque estão disponíveis 300 mil vacinas a mais do que o necessário, mas pede agilidade: - Orientamos a vacinarem os animais o quanto antes, para evitar eventuais contratempos, como filas nas inspetorias, e para que não fiquem inadimplentes. Alguns cuidados devem ser tomados pelos criadores no momento da vacinação, sobretudo quando o calor é mais intenso. Segundo o veterinário Marcelo Göcks, do Serviço de Educação Sanitária da secretaria, os produtores devem comprar as vacinas no máximo um dia antes de aplicá-las. Também é preciso manter o produto refrigerado até o momento da utilização.- O calor eleva o estresse do animal que, por sua vez, diminui a imunidade. Com isso, a vacina tende a ser menos eficaz. O ideal é fazer a aplicação no início da manhã ou no fim da tarde - esclarece Göcks. Cuidados com a higiene também precisam ser adotados. Agulhas e seringas devem ser esterilizadas e a parte do corpo do animal onde a vacina vai ser aplicada - normalmente o pescoço ou a paleta - deve estar bem limpa. Para potencializar a imunização contra febre aftosa, o governo do Estado estuda implantar o projeto de vacinadores comunitários. A atividade não é inédita. Cerca de cem municípios gaúchos já contam com profissionais que passam nas propriedades e aplicam as vacinas, em uma parceria entre as prefeituras e entidades representativas de agricultores. A ideia do governo é desenvolver um novo projeto com foco no treinamento de aplicadores de vacina. Além de serem responsáveis pela conservação e aplicação das doses, esses profissionais cadastrados teriam papel de educadores sanitários e fariam o acompanhamento de todo o processo, até o cadastro das imunizações nas inspetorias. Segundo Göcks, o projeto está pronto, no entanto, sua implementação esbarra na contratação desses funcionários, ou seja, quem será responsável por contratar os vacinadores e de que forma isso vai acontecer.
Doses necessárias
> A segunda etapa da vacinação contra a febre aftosa começou no dia 1º e segue até o dia 30 deste mês.
> A Secretaria da Agricultura não executa a vacinação, apenas fiscaliza. A responsabilidade sobre a imunização dos animais é do produtor rural, que deverá fazer a aplicação e comprovar a vacinação nas Inspetorias Veterinárias e Zootécnicas (IVZs) de seus municípios logo após a aplicação ou, no máximo, até o dia 5 de dezembro.
> Quem não vacinar ou não comprovar a vacinação dentro do período oficial da campanha está sujeita à punições. A multa aplicada é de 2% do valor de cada animal não vacinado. Posteriormente, os técnicos do Departamento de Produção Animal realizam a vacinação para garantir a sanidade do rebanho gaúcho.
Prejuízo além do campo
Os estragos causados pela febre aftosa ultrapassam as porteiras das propriedades:
> Transmitida por vírus e altamente contagiosa, a doença provoca grandes perdas econômicas porque bloqueia a exportação de carne. Os animais mais suscetíveis são bovinos e búfalos, mas outras espécies com casco bipartido, como ovinos e suínos, também podem ser contaminadas.
> Além de vacinar, o produtor deve ficar atento aos sintomas da doença e, em caso de qualquer suspeita, entrar em contato com uma Inspetoria Veterinária. Uma ação rápida pode fazer toda a diferença no controle dessa enfermidade.
> Os principais sintomas da febre aftosa são salivação em excesso, manqueira, aftas na língua e boca e feridas nos cascos e úbere, além de febre alta e perda de apetite.
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